Capítulo 6 - Reconciliação


Então, novamente eu brigara com Bruna.
Tecnicamente, não fui eu que começara. Apenas fiquei perplexo com aquela pergunta e sua explicação.
O nó em minha garganta começou a me engasgar, deixando-me sem ar. A agonia presente na hora crescera conforme eu fechava a porta de meu quarto depois que ela saiu.
Lutei contra todas as lágrimas de meu lado ridículo, insuportável e sensível demais, e consegui me controlar. Respirei muito fundo por alguns minutos, e consegui manter a calma. Parcialmente.
Mônica não ousou me incomodar, ouvindo a briga quase de camarote. Ouvi seus passos hesitantes próximos a porta, no silêncio da noite. Mike dormia ainda tranqüilamente, sem se alterar no meio da discussão, mexendo-se apenas uma vez. Menos mal, se ele tivesse acordado para me aconselhar novamente como fiz na semana passada, eu teria liberado todas as lágrimas. E daria liberdade para meu lado que eu detestava amargamente.
Liguei o computador. Estava rápido, não dando tempo para eu pensar novamente no assunto. Abri minha página pessoal, vários recados. Nenhum tirava minha atenção do tédio.
O tédio que dominava minha mente durante meu tentar de afastar os pensamentos ruins. O tédio era mil vezes mais deprimente que a agonia, mas eu não estava com a mínima vontade de lacrimejar. Ainda mais por motivos escrupulosos como aquele.
Abri a pasta de músicas. Passei o cursor por alguns arquivos, ajustei o botão de volume do som de alta qualidade para baixo. Abri uma página qualquer da Internet, procurando vagarosamente o que fazer.
Não. Não seria o suficiente.
Eu sabia que se repousasse meu corpo na cama ao lado, seria inútil e só favoreceria o que eu estava tentando evitar. Para tentar apagar, eu pensaria seriamente na situação que havia acabado de acontecer. Ajudaria a fazer com que água salgada saísse de meus olhos.
Desci as escadas. Concentrei-me nos degraus, fitando minuciosamente as bordas clareadas, fugindo do tom padrão, marrom carvalho.
Corri para a despensa, passando o dedo pela parede lisa. Concentrei-me totalmente em todos os meus gestos, fitando as partes do meu corpo. Na despensa, procurei pela estante de remédios. Uma embalagem de faixa vermelha chamou minha atenção, com um nome indecifrável. Abaixo, ‘antidepressivo’. Apanhei-o, abrindo o pacote.
Não li o rótulo. Muito menos a bula. Não seria necessário.
Engoli dois pequenos comprimidos brancos e redondos, tendo em mente: “Isso é para meu próprio bem. Pode ser que eu esteja agindo do mesmo modo que meu lado ridículo agiria, mas pelo menos, nenhuma gota caiu de meus olhos.”
Voltei ao meu quarto, batendo os olhos em dois minúsculos ursos de pelúcia, de mãos dadas, em cima da escrivaninha. “Simboliza nossa amizade” pude ouvir a voz doce e intrigante que eu queria excluir de minha mente. Caminhei até os bichos e os atirei para debaixo da mesa.
Retornei para minha cama, de edredom escuro e lençol sombrio. As luzes se dissipavam em minha mente, como se alguma criatura invisível estivesse tirando a cor de cada objeto. Fechei os olhos, sem muito lutar, concentrado apenas em ficar desacordado.


Seus olhos me encontraram de novo, fazendo o sangue subir para meu rosto. Corei vergonhosamente. O par de olhos cinza-claros com pequenos traços azuis, sem vida e humor, fitou o chão da sala de aula e voltou-se para o professor alto e cômico.
Peguei a caneta de tinta negra e rabisquei espirais por uma folha de papel qualquer.
Quando o sinal familiar e irritante soou pelo corredor grande e amplo do colégio, corri para fora sem olhar para trás. Papéis brancos como neve e lápis de ponta fina esperavam por mim na escrivaninha preta de meu quarto, para serem usados.
Até duas semanas atrás, eu sabia que meu dom mais forte eram os desenhos. Depois que parei de falar... com ela, os rabiscos aperfeiçoados que saíam em constante criatividade de minhas mãos, tornaram-se meu principal passatempo durante todos os dias.
Uma nova rotina se formara.
No colégio, eu atirava toda a minha atenção em quaisquer aula, fosse ela química ou francês. Passava o intervalo sozinho, na sala de aula, jogado dentre os papéis de rascunho, lotados de caricaturas de todas as coisas imagináveis. Mas nada que relacionasse à Bruna. Meus amigos, ou aqueles que eu poderia chamá-los de amigos, tentaram me reanimar nos dois primeiros dias. Depois, cessaram do desespero cada qual a seus costumes.
Pedro foi o único que sofria junto comigo. Não ousou aconselhar-me de que eu devia pedir a ela meu profundo e sincero perdão, mas seus olhos sempre viravam-se contra os meus querendo dizer o que eu temia. E meu orgulho dominava e feria.
E o que mais sangrava nisto tudo, é que ela pedira a mim para ajudar a lhe suturar, quando eu fosse embora, pelo menor tempo que fosse.
Uma situação insignificante e amena, para quem acompanhasse de longe. Paula, Letícia e Victor, por exemplo, não entendiam o vínculo forte que eu possuía com Bruna. Logicamente, nosso grupo casual era extremamente interligado, como uma gangue. Repartíamos segredos, conversas, nada era escondido. Sete pré-adolescentes que tinham conhecimento de todos os meus podres, todas as minhas dificuldades como de vantagens e qualidades. Menos uma, apenas uma. Pedro não se encaixava nela. Pedro e seus cachos quase oliva, alto, monstruoso e ridiculamente palhaço. A expressão de dor ao entrar na sala de aula e me encontrar de cabeça baixa, riscando o papel branco, era estranha em seu rosto oval e comprido. Todos os quatorze dias, ele voltava mais cedo do intervalo para olhar meus desenhos. Nada que o chamasse atenção. Neles, incluíam-se pequenas folhas, flocos de neve, raios de sol que atravessavam nuvens esburacadas, rosas negras. Gotas de água detalhadas, pingos espalhados em um pedaço de calçada.
Cheguei em casa, habitualmente cumprimentando minha mãe e a empregada Belinda de forma tediosa e exausta. Deixei meu casaco de final de inverno em cima da poltrona, coisa que as duas odiavam. Subi as escadas de dois em dois, atirando-me na cama fria e macia que encontrei no canto de meu quarto. Coloquei as mãos sobre o rosto, tampando o que eu não queria ver. Porém, a escuridão só me possibilitou de enxergar mais do que eu devia.
Minha consciência finalmente lutava contra o egoísmo e o orgulho nato que dominara os quatorze dias. Se Bruna não quisesse se desculpar, eu não poderia fazer nada.
E eu sabia que não era ela quem tinha que se desculpar.
Afoguei todo esse pensamento contraditório nas águas profundas da insanidade, e entrei em inconsciência.
O pior pesadelo que tive na vida estava acontecendo. E no sentido literário.
Bruna estava distante de mim, porém na mesma posição. De pé, linda, exuberante, reluzente. Tentei me aproximar dela, mas os passos eram em vão. A cada movimento meu, ela se afastava, com a expressão que nunca vira nos inacreditavelmente doze anos que a conhecia. A de ódio mortal.
— Bruna - chamei, ao murmúrio.
Ela não respondeu.
Corri em sua direção. Ela fugiu mais uma vez de minha presença, correndo mais rápido que eu, incansavelmente, misticamente sem se cansar. Debrucei-me sobre os joelhos, ofegante. Era um sonho, como não pude distinguir?
Então, ela parou ao lado de uma silhueta incomparavelmente menos perfeita que a dela. Quando me aproximei, aos passos pesados, a silhueta defeituosa virou-se para me encarar.
— Não sou eu quem te quero - sussurrou a voz doce e fria.
A silhueta reconhecível agora, idêntica a de Mariana, caminhou em minha direção, enquanto a imagem de quem eu queria dissipava-se. “Bruna!” gritei, mas foi inútil. Andei na direção oposta à Mariana, parando quando Bruna sumiu totalmente. Ajoelhei, perplexo. Mariana retornou, agarrando minha mão e ajoelhando-se também, passando a outra mão sobre meus cabelos.
Levantei-me rapidamente demais para continuar estável. Ofeguei desesperadamente, enxergando apenas a escuridão.
Havia acordado. As luzes aos poucos foram se encaixando, dando coesão ao ambiente. Pela janela, enxerguei o cinza claro pairando no céu, formando uma grossa camada de nuvens. Senti-me claustrofóbico. Próxima de mim, Mônica alertava-se, ajoelhando ao meu lado da cama, no chão.
— Filho, você está bem? - sua voz era urgente.
Não encontrei minha voz para respondê-la.
— Fale comigo, Guilherme. Responda.
No mesmo instante em que procurei em vão por minha voz, ela correu do quarto, também fugindo. Aquilo me assustou ainda mais. Não senti meu corpo, fitando a porta. Mônica atravessou ela novamente, com um copo de água em mãos.
— Tome.
Agarrei o copo, com as mãos tremendo. Engoli o líquido, pesado demais para mim, sem pensar. Quando acabei, Mônica abraçou-me, favorecendo minhas lágrimas.
Não.
Empurrei seu corpo com força, mas não quis ser rude demais. Corri para o banheiro, debruçando-me sobre a privada. Tossi ferozmente, enquanto a dor arranhava minha garganta, meu estômago e meu peito.
Senti as mãos quentes demais encostarem em meus ombros, esfregando-se suavemente. Não parei de por pra fora tudo rejeitado pelo meu intestino, consumindo cada resto de força.
Quando consegui respirar, arrastei-me até a pia e enxagüei a boca. Tomei outro copo de água, e sentei em minha cama.
— Bruna te ligou - disse minha mãe, com os olhos carinhosos e cautelosos.
Tentei parecer indiferente.
— Prossiga.
— Ela queria falar com você, eu apenas disse que estava dormindo. A voz dela ficou diferente depois que eu lhe informei, acho que ela conhece seus hábitos. Você não dorme à tarde.
Não respondi novamente.
— Melhor? - perguntou.
— Sim.
— Chega de dormir? Ligue para Bruna. Fale com ela, por favor.
Mônica suplicara todos os dias da primeira semana para eu voltar a falar com Bruna. Inutilmente. Meu orgulho ainda feria.
— Depois - eu respondi, por fim, indo para o banheiro novamente, só que mais calmo.
A água do chuveiro acalmou meu estômago, e pôs em prática meus pensamentos. Organizou-os de forma abrangente, favorável. Mas não estava pronto para pedir desculpas. Iria deixar que o tempo resolvesse, se é que eu poderia ser capaz de ficar mais um dia sequer longe dela.
Vesti às pressas as roupas quentes, com medo do que viria a seguir. Eu ligaria, ou não? Talvez não parecesse ignorante e orgulhoso de minha parte se a retornasse, por mais egocêntrico que eu estivesse.
Apanhei o aparelho prata e disquei seu número. Na segunda chamada, ela atendeu.
— Guilherme – ela disse, em um pequeno entusiasmo. Nada que a desmoronasse.
— Por que ligou? – minha voz era surpreendentemente asquerosa.
— Queria saber se posso aparecer aí, amanhã.
Paralisei.
— Para quê?
— Posso ir?
Seria inútil começar uma discussão, então assenti.
— A que horas? – ela cortou meus pensamentos.
— A de sempre – murmurei, por fim.
Ouvi um silêncio incomum.
— Alô?
Nada. Ela desligara. Ela tinha menos coragem do que eu.
Não pediria desculpas facilmente. Então, o que ela faria aqui?
Apertei o botão End e joguei o telefone longe.

A claridade solar cobria inutilmente toda a neve, dando à manhã um tom mais alegre. Estremeci, sabendo que ela viria naquela tarde. Fui até a varanda de meu quarto, fitando o dia claro e coberto de branco à minha volta. A paisagem vista de meu quarto era inspirante, talvez ela me desse coragem.
O relógio do criado-mudo apitara 10:00h. Olhei-o, inexpressivamente. Mantive as mãos fechadas em punho dentro dos bolsos do casaco branco de moletom. Observei o céu limpo, nenhuma massa branca sobre mim. Assoprei, e o hálito quente produziu uma pequena fumaça branca, que dissipou depois de um segundo.
Percebi, ao olhar sugestivamente para a escrivaninha, que os dois ursos de pelúcia ordinários estavam em seu lugar de origem. Maldita seja Belinda. Queria pedir à minha mãe que deixasse Belinda sem seu salário por um mês.
Mike viera até mim, parando para se sentar ao meu lado. Passei a mão sobre sua cabeça, fazendo seu rabo longo e grosso se agitar um pouco depressa. Ele deitou, e sentei para acompanhar suas costas peluda com a mão. Não, o chão estava frio demais. Levantei-me, voltando para o quarto. Peguei uma folha branca na estante, uma prancheta e meus lápis próprios para desenho e arrastei o tapete quente e espesso para o chão da varanda. Sentei-me, e comecei a esboçar.
Pude ouvir a campainha. Não era capaz de ver quem era da cerca da varanda, então pouco me importei, continuando sentado. Não poderia ser Bruna, afinal ela chegaria às duas horas. Talvez fosse o correio.
Subitamente, Mike saiu de seu descanso e saiu pela porta do quarto. Estranho para mim, ele nunca sairia de meu quarto quente para latir para o carteiro. Voltei a concentração toda para meus esboços, agora já formados. Um céu limpo. Prédios altos, cobertos de neve. Telhados aparentes macios com suas respectivas camadas brancas. Comecei a formar suas sombras habilidosamente.
— Guilherme – murmurou uma voz feminina.
Meus dedos soltaram involuntariamente os lápis, que rolaram pelo chão, parando na cerca. Virei minha cabeça na direção da voz, em choque.
A silhueta que eu temia ver até as duas da tarde me encarava, inexpressiva. Os olhos, muito longe para minha avaliação, aparentavam os mesmos daqueles quatorze dias. Ela parara no batente da porta, com as mãos juntas, próximas ao rosto. A posição que me chamava para acolhê-la, abraçá-la para protegê-la.
Levantei, largando a prancheta. Ela correu para meu corpo imóvel e duro, agarrando-o pelo pescoço e as costas. Enterrou o rosto lívido pelo frio constante em meu peito, acabando-se em lágrimas.
— Desculpe-me, perdoe-me! – implorou ela – Você não é obrigado a me contar nada, a vida é sua e você pode fazer o que você quiser! Perdoe-me, por favor!
Não mexi um músculo.
— Quem tem que pedir desculpas sou eu – sussurrei, porém.
— Por quê? Fui eu a idiota, quem devia ter suplicado por perdão no mesmo dia em que brigamos. Não posso viver sem você, por mais medíocre que seja para isto. Apenas me perdoe – as palavras saíam velozes de sua boca, mas todas formavam um único sentido.
Afrouxei meus braços do lado de meu corpo e envolvi sua cintura firmemente. Deixei escapar duas lágrimas.
— Insisto: sou eu que tenho que lhe pedir perdão, Bruna – murmurei, afundando meu rosto em seu cabelo macio – fui estúpido em expulsá-la daqui, ainda usar o sarcasmo, por favor me perdoe.
Ela levantou a cabeça, fitando-me com os olhos vermelhos e úmidos, mas divertidos.
— Só se você me perdoar.
— Eu te perdôo.
— Eu também.
Toquei os lábios em sua testa, depois ela tocou os dela em minha bochecha, envolvendo-nos novamente no abraço sufocante.
— Nunca mais farei isto de novo.
— Nem eu – eu disse, com sinceridade. – não sabe como foi torturante ficar longe de você, encará-la no colégio dia após dia.
— Foi mais torturante ainda para mim, que pensei todos os dias o porquê de eu ter tentado fazer você prometer uma coisa banal. Mas... foi com sinceridade. Não estou pronta para ficar longe de você.
— Também não. E nunca mais vou agir assim.
Seu rosto abriu um sorriso, um convite tentador para meus lábios. Retribui o sorriso, beijando novamente sua testa.
— Te amo – murmurei, lutando para não corar. Deu certo, e seu sorriso permaneceu.
Ela fitou a prancheta largada no chão.
— Por que veio mais cedo? – questionei, agradecendo por isso.
— Não agüentaria até às duas, e eu sabia que você estaria acordado.
Levantei as sobrancelhas, surpreso.
— O que fez durante minha ausência egoísta, Guilherme? – ela perguntou, divertida, com a prancheta em mãos, batendo um dedo para indicá-la.
— Desenhei. Uma estimativa de cinco folhas por dia.
— Uau – exclamou, elevando as sobrancelhas por um segundo.
Levei-a para dentro, mostrando a pasta cinza em cima da escrivaninha. Ela abriu, avaliando cuidadosamente cada desenho.
— Sabe o que eu fiz durante esses dias? – questionou, virando a todo tempo para me olhar, como se eu cintilasse ao clarão de seus olhos magníficos.
Não tive a mínima idéia. Ela poderia ter feito tudo o que uma garota rica e com uma grande lista de amigos – ainda que verdadeiros – poderia fazer, longe de um amigo chato e infantil.
— Chorei – completou ela, risonha – compus músicas no piano e dormi.
Gargalhei.
— Dormiu? Sabe – peguei suas mãos, livrando-as dos papéis e a fiz sentar em minha cama – acho que faz umas duas semanas de que durmo às duas e acordo às seis horas.
— Hmmm. Isto explica o porquê disto – sussurrou ela, em um timbre doce, acariciando com os dedos minhas profundas olheiras novas.
Houve um breve silêncio; quase pude ouvir seus pensamentos, acompanhando seus olhos vagarem de minhas manchas arroxeadas aos meus olhos.
— Foi difícil – assinalei, observando sua reação. Seu rosto se transformou em uma face angelical de dor, ameaçando sufocar-se em lágrimas novamente.
Envolvi meus braços à sua volta, relembrando cenas mais familiares.
— Está tudo bem agora – afaguei suas bochechas vermelhas e geladas. – Bruna, você não tem noção da temperatura de seu corpo?
— Não quando estou com você – admitiu. Enquanto meu coração tentava se recuperar do derretimento repentino que aquela maldita garota por quem ele se apaixonara causara, Bruna buscava os desenhos e enrolava-se no meu cobertor pesado.
O que era mais odioso é que ela não corava ao dizer aquilo, enquanto eu sentia a pele de meu rosto arder de calor.
Caminhei até a varanda, recolhendo os lápis. Fechei um lado da porta de vidro, pegando a prancheta e indo aninhar-me ao lado de meu amor.
Liguei o som e deixei na rádio habitual que ouvíamos. Comecei a traçar em uma nova folha, feições humanas.
Enquanto ela folheava, distraída, eu colocava em prática minhas novas inspirações por ela criadas.



Agora, os dois pequenos ursos pareciam dois diamantes cintilantes.


0 comentários:

Postar um comentário